O presidente Donald Trump nomeou EJ Antoni, economista-chefe da Heritage Foundation, organização que promove os valores conservadores da sociedade americana, para liderar o Birô de Estatísticas do Trabalho (BLS na sigla em inglês), após demitir a ex-chefe da agência no início deste mês.

Trump anunciou a nomeação de Antoni — que tem sido vocal em suas críticas aos dados de emprego e revisões do BLS — por meio de uma publicação na Truth Social. O cargo requer confirmação pelo Senado.

“Nossa economia está prosperando, e E.J. garantirá que os números divulgados sejam HONESTOS e PRECISOS”, escreveu Trump.

Antoni substituirá Erika McEntarfer, que foi abruptamente demitida por Trump no dia 1º de agosto, após um relatório do BLS mostrar fraco crescimento de empregos em julho e grandes revisões para baixo nos dois meses anteriores.

Trump anuncia a nomeação do nove chefe do BLS em sua rede social — Foto: Reprodução da Truth Social

Trump a acusou, sem apresentar provas, de manipular os dados por motivos políticos, ressaltando que ela havia sido nomeada pelo ex-presidente Joe Biden.

A demissão de McEntarfer chocou economistas de todo o espectro político, que rapidamente defenderam tanto ela quanto o BLS como instituição. O trabalho do BLS, assim como o de outros órgãos estatísticos dos EUA, é amplamente reconhecido internacionalmente como um “padrão ouro” por estar livre de interferência política — uma reputação que muitos agora temem estar em risco.

O BLS rotineiramente revisa seus dados com o objetivo de torná-los mais precisos a longo prazo. No entanto, as revisões mais recentes — que reduziram em 258 mil o número de empregos de maio e junho — chamaram atenção, marcando o maior ajuste negativo desde a pandemia.

Steve Bannon, ex-assessor sênior de Trump e figura influente nos círculos conservadores, defendeu a nomeação de Antoni, chamando-o de “o cara perfeito no momento perfeito para comandar o BLS”.

Antoni participou do podcast de Bannon logo após a divulgação do último relatório de empregos, onde foi questionado se havia algum “Republicano MAGA” no comando do BLS. Antoni respondeu: “Infelizmente, não.”

Ele ainda afirmou que a ausência de alguém indicado por Trump à frente da agência é “parte do motivo pelo qual continuamos tendo todos esses problemas com os dados”. Antoni também contribuiu para o projeto Project 2025, que, entre outras coisas, propõe a contratação máxima de nomeados políticos no Departamento do Trabalho, que supervisiona o BLS.

O economista também é pesquisador sênior da organização Unleash Prosperity, que conta com nomes como Steve Forbes, Arthur Laffer e Stephen Moore entre seus líderes — um dos grupos que frequentemente apresenta propostas de políticas a Trump. Antoni possui doutorado em economia.

Demissão de McEntarfer

Comissários do BLS têm mandatos de quatro anos, que geralmente se estendem por administrações republicanas e democratas. William Beach, que antecedeu McEntarfer, foi nomeado por Trump e serviu sob o governo Biden. Ele criticou a demissão de McEntarfer, dizendo que ela foi “prejudicial” e “mina a credibilidade do BLS”.

William Wiatrowski, que era vice de McEntarfer, assumiu como comissário interino. Os indicados ao cargo de comissário geralmente possuem anos de experiência como economistas ou estatísticos dentro da própria agência, do governo ou de instituições relacionadas. A partir de janeiro de 2025, o salário para o cargo será de US$ 195.200 por ano.

O relatório de emprego mais recente mostrou que o crescimento médio de empregos foi de apenas 35.000 nos últimos três meses, mudando fundamentalmente a percepção sobre o mercado de trabalho — de sólido para quase estagnado.

Os novos dados também colocaram em dúvida a decisão do Fed (banco central dos EUA) de manter as taxas de juros estáveis em sua última reunião, realizada poucos dias antes, após repetidas pressões de Trump para reduzir os custos de empréstimo.